Mercado Aumento nos Preços dos Combustíveis e do Gás de Cozinha

Impacto do Aumento nos Preços dos Combustíveis e do Gás de Cozinha no Orçamento das Famílias

Impacto do Aumento nos Preços dos Combustíveis e do Gás de Cozinha no Orçamento das Famílias

 

Nos últimos três anos o aumento nos preços da gasolina, do diesel, do etanol e do gás de cozinha ocorreu com uma frequência absurda no Brasil. Os constantes aumentos nos preços desses produtos, acompanhados da alta de preço da energia elétrica e dos alimentos estão gerando consequências severas sobre a renda das famílias brasileiras, particularmente para aquelas de baixa renda.

Em um cenário em que o povo brasileiro está sofrendo com os efeitos da pandemia, da falta de emprego e dos elevados índices da inflação, a alta frequente nos preços dos combustíveis, principalmente o gás de cozinha, um dos itens indispensáveis para as famílias, está contribuindo para dificultar a sobrevivência da população, diminuindo o poder de compra e afetando a qualidade de vida.

A combinação de dólar alto e de aumento da cotação internacional do petróleo tem pesado no bolso no consumidor. No acumulado do primeiro semestre de 2021, o preço da gasolina teve um aumento de 19,5%, o diesel aumentou 18%, o etanol 32,6%, enquanto que o preço médio do botijão de 13 quilos aumentou 13,75%.

Na região Centro-oeste o cenário é ainda pior, pois esta é a região que mais sofre alta nos preços dos combustíveis, por exemplo, o gás de cozinha chegou a ser encontrado por até R$ 125 no final do mês de junho em alguns estados do Centro-Oeste.

Vale lembrar que, na conta do consumidor recaem percentuais de aumento nos preços maior do que os praticados pela Petrobras, pois da saída dos combustíveis das refinarias até chegar ao consumidor é agregado à formação do preço final os impostos federais e estaduais, os custos da adição de outros combustíveis à mistura (no caso da gasolina e do diesel), os custos de distribuição e a margem de lucro de revenda nos postos.

A escalada do aumento nos preços dos combustíveis não tem impacto só para as famílias, mas para a economia de modo geral, pois cada vez que há reajuste de preços do diesel ocasiona, por exemplo, aumento do preço dos fretes, tendo em vista que o transporte rodoviário é o principal método de escoamento da produção no Brasil. Atualmente cerca de 60% do que é transportado no Brasil é realizado por meio de caminhões.

Além do valor do frete a elevação dos preços dos combustíveis afeta as empresas que utilizam combustível como insumo no processo de produção ou de prestação do serviço, isso certamente, deixa as mercadorias e os bens e serviços mais caros, causando efeitos imediatos no bolso dos consumidores.

 

Aumento do Preço dos Combustíveis: Perspectivas e Soluções

 

Para alguns especialistas da área de petróleo e gás a tendência é que o preço dos combustíveis se mantem em alta, porque com o avanço da vacinação em 2021 e a recuperação da economia no mundo a demanda subiu muito, por outro lado oferta do mercado global de petróleo continua em baixa. Além disso, diante da valorização do petróleo no mercado internacional, com altas significativas no preço do petróleo cru, cujo valor do barril é cotado em dólar, associado à desvalorização da moeda brasileira, as perspectivas para os preços dos combustíveis no país deverão se manter em viés de alta o resto do ano de 2021.

O presidente da Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes -FECOMBUSTÍVEIS, Paulo Miranda destaca ainda que, independentemente da Petrobras segurar os reajustes, há outros elementos que podem levar a um aumento nos preços dos combustíveis. Ele cita que, nos últimos meses, os preços dos biocombustíveis, no caso do biodiesel que é misturado ao diesel e do etanol anidro que é misturado à gasolina estão bastante elevados.

Tendo em vista que algumas tentativas do governo para segurar os reajustes dos combustíveis como a eliminação temporária do PIS e do Cofins não surtiram muito efeito, alguns economistas e consultores da área de petróleo e gás dizem que já a Petrobras orienta sua política de preços pelo Preço de Paridade Internacional – PPI e não pode cobrar valores muito menores que os praticados no mercado externo, para amenizar o impacto do reajuste dos combustíveis, uma das saídas, seria os governos estaduais reduzirem as alíquotas do Imposto sobre Circulação deMercadorias e Serviços - ICMS que incidem sobre o preço da gasolina, do diesel e do gás de cozinha nos Estados.

Entretanto essa ideia de promover alterações no Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços - ICMS não agrada muito os governantes estaduais que temem perder arrecadação. Porém, especialistas avaliam que uma forma de solucionar a complicada equação passa, necessariamente, pela questão tributária, tendo em vista que o ICMS é o fator de maior impacto na formação do preço da gasolina (29% do preço) e do diesel (23% do preço).

O economista Victor Gomes concorda com aqueles que acreditam que não vai ocorrer redução de preços dos combustíveis no segundo semestre de 2021. Segundo ele analisando o que já ocorreu no passado mesmo que o governo reduza a carga tributária que incide sobre os combustíveis dificilmente essa redução será repassada no preço final para o consumidor.

Na verdade para minimizar os impactos dos sucessivos reajustes nos preços dos combustíveis passa pela busca de soluções para uma conjunção de fatores responsáveis pela alta dos preços desse item. O ideal seria uma ação conjunta do governo federal e estadual e da Petrobras para implantar uma política de preços dos combustíveis adotando algum mecanismo que evite que as turbulências no mercado financeiro internacional e tensões globais do mercado do petróleo façam com que o brasileiro comprometa uma grande fatia do orçamento familiar para comprar gás de cozinha e para abastecer seu carro ou caminhão.